Sarcófago - I.N.R.I (1987) Som crepitante de garagem carregado de eco sob vidro, mas mesmo apesar dessas limitações tão representativo quanto precisa ser. Distorção de sombras de realce estático selvagem. De origens sombrias e primitivas vem essa declaração musical altamente afinada e dirigida, tanto estética quanto musicalmente forjada a partir das polaridades primitivas da angústia, transformada em um simples, mas eficaz Black Metal, maldito, sombrio e funesto. Semelhante em muitos aspectos a Sodoma ou Massacra, está música apresenta riffs flutuantes de alta velocidade dos quais surgem pseudópodes de ritmo dogmático para acabar com sua mensagem desafiadora. Os últimos segundos da faixa - título, "foda - se... foda se, Jesus Cristo" exemplificam o paradoxo deste álbum: punk crú contrastando com a necessidade de ideologia. A guitarra parece aleatória, solos na tradição tardia de Bathory e Burzum, mas entrega o ritmo rápido e trêmulo de riffs e melodias metálicas em ascensão. Por baixo bate uma batida mecanista primitiva e mal programada que pode ser apelidada de Rudimentos da Consciência Rítmica para o Contexto" e deixada para o abismo. Como são esses riffs? Simples envoltórios de notas fluidas correndo em direção a uma nota tonal... algum centro... algum contexto... ou talvez simplesmente desistir. Eles se encaixam em um estreito senso composicional de lucidez nessa entidade, sozinhos, e trabalham juntos pelo poder de seu semblante único. Em seu núcleo músicos inspirados na música punk, Sarcófago mistura com seu hardcore e destrutividade do rock e o programa teatral pró - vida de bandas de black metal criando uma imagem exagerada imbutida no estilo anti - estético de resistência e ódio a todos que o aceitassem, protegendo vírus de natureza espiritual sombria para receber ouvintes humanos. Variações de poucos elementos projetam idéias, algumas profundas, outras descuidadas, outras inspiradas, outras vagas.

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